terça-feira, 18 de agosto de 2015

Álcool e exercícios físicos: qual o resultado desta combinação?

Muitos estudos já foram realizados para detectar como o álcool age no organismo quando combinado com a prática de exercícios físicos. Não há elucidações claras, entretanto, estes testes de laboratórios chegaram às conclusões que servem de alerta para praticantes de diversas modalidades de esportes: trata-se de uma importante restrição para esportistas que visam ganhar massa muscular ou perder gordura, pois atrapalha em ambos os objetivos. Fiquem atentos!

É sabido que o consumo de bebidas alcoólicas compromete diversas funções metabólicas e, entre as mais importantes, destacamos a cardiovascular, renal, termorregulação corporal, muscular e a absorção de carboidratos. Estes pontos já trazem uma ideia clara dos malefícios do álcool para quem exagera na dose.

Porém, mesmo com os diversos testes realizados em seres humanos e animais ao redor do mundo, o impacto do álcool na performance e recuperação na prática de qualquer exercício físico ainda carece de elucidações. Por isso, hoje trazemos informações valiosas sobre como o álcool pode prejudicar não somente a prática de exercícios físicos, mas também o desempenho e a recuperação do atleta em caso de lesões mais graves.

Álcool no metabolismo
Antes, vamos à definição de metabolismo: oriundo do grego “metabolé”, que significa “mudança, troca”, é o conjunto de transformações e reações químicas através das quais se realizam os processos de decomposição das células. O metabolismo acontece com a ajuda de enzimas através de uma cadeia de produtos intermediários. Este fenômeno está relacionado com três funções que são vitais e que ocorrem no corpo humano: nutrição (inclusão de elementos essenciais no organismo), respiração (oxidação desses elementos essenciais para produção de energia química) e síntese de moléculas estruturais (utilizando a energia produzida).
Agora que relembramos os papéis do metabolismo em nosso corpo, vamos aos fatos: a ingestão de álcool, conforme apontam alguns estudos, afeta o metabolismo dos carboidratos no fígado e no músculo. Estudos realizados em humanos apontam que o consumo de álcool diminuiu a captação de glicose pelo músculo esquelético e prejudicou a utilização da glicose durante o exercício.

Álcool x músculo esquelético
Estudos realizados em ratos encontraram algumas hipóteses de ações prejudiciais do álcool sobre o músculo esquelético. A conclusão é que o álcool impede a transição dos íons de cálcio para dentro do miócito através da inibição dos canais de cálcio do sarcômero, prejudicando o mecanismo de contração-relaxamento muscular. Além disso, o consumo de álcool após o exercício pode comprometer a integridade do sarcômero por aumentar as quantidades de creatina quinase intracelular.

Termorregulação e hidratação
O álcool inibe o hormônio antidiurético (ADH) e também é um potente vasodilatador periférico. Esta perda de líquido aumenta principalmente com a evaporação, que agrava ainda mais a desidratação. Existe ainda a interferência em mecanismos centrais de termorregulação, que acabam diminuindo a temperatura corporal central.

Caloria vazia
O valor calórico de 1 grama de carboidrato ou proteína contém 4 kcal, já para os lipídeos cada grama possui 9 kcal. Em relação ao álcool, 1 grama contém 7 kcal. Muitos nutricionistas utilizam o termo “caloria vazia”, pois trata-se de um alimento altamente calórico que não possui vitaminas e minerais em sua composição.

Desempenho
O álcool é um conhecido depressor do sistema nervoso central (SNC) e, por isto, prejudica funções, como a memória, o tempo de reação, a precisão de habilidades motoras finas e o sono. Portanto, ele não é uma substância capaz de melhorar a força, a potência e, inclusive, pode diminuir o desempenho durante o exercício.

Álcool na recuperação das lesões
Pesquisas recentes demonstram que o uso crônico do álcool promove a liberação de citocinas pró-inflamatórias, o que causa estresse sobre a musculatura, podendo levar à miopatia do músculo esquelético. Também foram encontrados impactos metabólicos na ingestão do álcool logo após a atividade física, como a diminuição da ressíntese de glicogênio muscular e das proteínas musculares (através da supressão da enzima m-TOR).

Mesmo conhecendo os malefícios do álcool em nossa saúde, ainda são insuficientes os estudos sobre a relação álcool e exercício em humanos. Porém, com base nos estudos já realizados em animais, a sugestão é a de que atletas ou praticantes de atividade física sejam cautelosos ao fazer ingestão do álcool, principalmente durante, pré e após o exercício físico.

Gostaria de finalizar lembrando que a ingestão moderada de álcool, desde que espaçada à prática de qualquer atividade física, não é relevante e ainda faz super bem à nossa vida social. O importante é ter cuidado para não misturar as coisas e não exagerar!

Até a próxima semana. 


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